23.11.06

"Passeio público" ou "passeio do descontentamento"

A norte do Rossio é aberto o "Passeio Público"(1764), zona de recreio da burguesia. Era um jardim gradeado, com cascatas, lagos com repuxos e coreto, que posteriormente foi aberto às novas avenidas e aos futuros bairros construídos por uma burguesia em ascenção.

In - História da cidade de Lisboa, CML

Militares dos três ramos das Forças Armadas fazem quinta-feira um «passeio de descontentamento» em Lisboa para «beber um café na Baixa» e protestarem contra o Governo e os cortes orçamentais que afectam o sistema de saúde dos militares.

In - Militares mantêm protesto para quinta-feira - SOL/LUSA

TUBARÃO em Portugal



Um tubarão com cerca de 7 metros e 2.500 kilos foi capturado e transportado para terra. Convem apenas frisar que se alimenta de plancton e vegetais, sendo totalmente inofensivo para o homem.

Ver noticia do CM.

Mas que assusta, assusta.

21.11.06

The long tail

Termo utilizado na Estatística para identificar distribuições de dados onde o volume de dados descresce ao longo do tempo, durante um período longo.

No mercado do consumo de bens, é vulgar encontrar curvas deste tipo para ilustrar a procura dos consumidores. Tipicamente, procura elevada para um conjunto pequeno de produtos e procura muito reduzida para um conjunto elevado de produtos.


In - A Cauda Longa - Wikipédia, a enciclopédia livre



Em SEO (Optimização para motores de pesquisa) existe um conceito que é conhecido como Long Tail (literalmente Cauda Longa), que refer as palavras relacionadas com um determinado tema, mas que são menos pesquisadas (individualmente).

Na prática, o conceito baseia-se no facto de muitas vezes ser mais facil optimizar um site para ficar bem posicionado num conjunto grande de palavras menos procuradas de uma determinada área do que optimizá-lo para as principais palavras da área, que são mais pesquisadas, mas também muito mais concorridas.

Com isto consegue-se atrair um conjunto elevado de utilizadores ao site, sem o esforço que lutar pelas principais palavras da área implica, conseguindo-se por vezes resultados idênticos com um esforço global por vezes menor.


In - Long-tail-e-as-cervejas - webaserio.com por Marco Neves

Representação gráfica da cauda longa

A cauda longa chega ao Youtube



Outros links interessantes sobre o tema:

http://www.thelongtail.com//

http://www.brainstorm9.com.br/archives/2006/07/the_long_tail.html

http://www.techbits.com.br/2006/08/21/a-cauda-longa/

http://pauloquerido.net/2006/09/a_cauda_longa

http://mesquitajl.blogspot.com/2006/09/marketing-long-tail.html

http://remixtures.com/2006/11/na-web-20-crentes-financiam-musicos-atraves-de-fundos-de-investimento-parte-i/

José Veiga - Faça-se "luz" na espuma do dia

José Veiga está no centro da noticia. Tudo e todos falam deste Senhor.

A sua história como emigrante, o apoio dos diversos dirigentes, as guerras e os contratos milionários.

A desenvolver no final do dia.


Capa DN - 21 Nov 2006

Capa Publico - 21 Nov 2006

20.11.06

PORTUGAL - CAMPEÃO EUROPEU

Capa Correio da Manhã - 20 Nov 2006
Portugal é campeão europeu, não pelo mérito de Scolari ou dos seus pupilos que muito nos animam, mas pela mão dos seus governantes.


A capa da edição de hoje do Correio da Manhã serve de veículo para a divulgação do facto de sermos campeões europeus no que diz respeito à função pública. A verdade é que temos 1 funcionário público por cada 17,4 habitantes. Ultrapassámos os restantes 24 países da união europeia. Desta vez, nem os novos países do alargamento nos apanharam.



Todos os restantes países têm pelo menos um rácio superior a 1 para 20.


O número de Funcionários Públicos é excessivo ou reduzido? O debate arrasta-se à já bastantes anos e volta a estar em cima da mesa com a discussão do Sistema de Vínculos, Carreiras e Remunerações que se iniciou, na semana passada, entre Governo e sindicatos. A pergunta não tem ainda resposta, mas segundo os últimos números divulgados pelo Governo e referentes à Administração Central (568 384), Portugal é o País que tem o maior número de funcionários públicos por habitante: existe um funcionário para cada 17,6 cidadãos.



Chamo a atenção para este parágrafo retirado da noticia publicada hoje, que nos mostra que visto de outro prisma o cenário ainda pode ser pior.

UM TRABALHADOR POR CADA SETE ACTIVOS

A estatística pode revelar factos surpreendentes. Se tomarmos em consideração todo o universo de funcionários que dependem do Estado (Administração Central, Local e Regional) e o dividirmos pelo número da população activa (5604 milhões de cidadãos, segundo os últimos dados revelados pelo Instituto Nacional de Estatística) verificamos que há um funcionário por cada 7,6 activos. Se esse mesmo universo for dividido pelo número de pessoas empregadas (5187 milhões), então o resultado desce para um funcionário para cada sete trabalhadores empregados.




No entanto, assumo a minha quota de responsabilidade, ou lá por casa não fosse um funcionário público para quatro (média de 25% de funcionários públicos, contra 5,7 do país).

Veremos como além dos leitores do Correio da Manhã, irá reagir a blogosfera. Na pesquisa que efectuei apenas encontrei um post de um cão no Latido Sem Dono, porque será, com duvidas e a pedir explicações.

19.11.06

A Espuma dos Blogs

O primeiro post da Espuma do dia, é um post roubado.

Curiosamente de um blog chamado ROUBARTE, que por sua vez, o roubou ao jornal Público. Consiste num belissimo texto escrito pelo José Pacheco Pereira no passado dia 09 em que menciona a importancia de na blogosfera, como no quiosque, separar o luxo do lixo.

Espero que por ter roubado um ladrão, tenha 100 anos de perdão!


Thursday, November 09, 2006
A diferença entre um quiosque e a blogosfera
José Pacheco Pereira

Se eu olhar para um quiosque de jornais como muita gente olha para os blogues, o que eu vejo é isto: Maria, O Jornal do Crime, A Mãe Ideal, Novenas Milagrosas, Lux, VIP, Nova Gente, Maxman, o Borda de Água, PÚBLICO, Flash!, Única, 24 Horas, Nova Cidadania, TV Guia, TV Mais, Ana, Teleculinária, MM, Saúde, Record, Atlântico, A Bola, Autosport, Correio da Manhã, O Diabo, uns títulos em ucraniano, o Guia Astrológico, Os Meus Livros, Cosmopolitan, Prevenir, Sporting, Blitz, Guia Astral, Mini-Recreio, Activa, GQ, Diário de Notícias, Selecções...

Se abrir as folhas ao acaso, como se consultar blogues ao acaso, coisas sinistras estão sempre a cair de dentro das folhas: notícias falsas, especulações, falsidades anónimas, plágios, voyeurismo, egos à prova de bala, ignorância, erros, invejas, ajustes de contas, presunção, arrogância, esquemas diversos, banha da cobra, cobras. Há gente que fala com Deus e gente que namora o Diabo, há quem coma a namorada, como o Dr. Lecter, há o professor Karamba, e há umas meninas para todos os gostos, há extraterrestres, boatos, insinuações, muita "informação" anónima, pornografia strictu sensu, pornografia intelectual, quartos à hora, hotéis à noite, etc., etc. Uma selvajaria, o Mundo Cão, o Faroeste, os baixos fundos, o jet set, um conde, o tatuador, a tatuada, a esposa, o marido, a amante, o escroque, o bondoso, o franciscano e o tolo...

Ah! Diz-me uma voz, mas estás a misturar tudo! Pois estou, é como fazem os que falam dos blogues misturando tudo, como Miguel Sousa Tavares e Eduardo Prado Coelho fizeram recentemente para se defenderem (o que é legítimo) de acusações e falsificações anónimas. É verdade que os jornais e revistas têm responsáveis e não são como as cartas anónimas, ou os blogues que funcionam como cartas anónimas, mas quando os primeiros transcrevem os segundos ficam iguais. No caso do Miguel Sousa Tavares, o que falhou foi a imprensa tradicional, que aceitou citar fontes anónimas, sem um julgamento de mérito. A notícia não é que um blogue anónimo acuse Miguel Sousa Tavares de plágio, a notícia é que Miguel Sousa Tavares cometeu plágio, se o tivesse cometido, e aí o autor da notícia devia fazer o seu próprio julgamento e só publicar caso esse julgamento fosse que sim. Não sendo, o blogue é como uma carta anónima, incitável e inaceitável. Foi isso que falhou e hoje em dia falha cada vez mais, porque a comunicação social escrita precisa de pretextos para violar as regras de que se gaba como sendo distintivas e, na Internet, encontra-os com facilidade, entrando depois facilmente na selvajaria. Está lá no computador, para milhões verem, por isso está "publicado", logo posso citar e levar a sério, sem ter responsabilidade.

O mal não está nos blogues em si, está na nossa incapacidade para ler e escrever blogues, como para ler e escrever jornais com uma decência mínima. O problema é mais comum do que se pensa, embora seja verdade que as pessoas se sentem mais impotentes para se defenderem da Internet do que no mundo da comunicação social tradicional, mas o que é crime cá fora é crime lá dentro.

Mas a reacção aos blogues, selvagens, inúteis, desviadores da atenção, perdulários do nosso tempo, oculta-nos muita coisa de interessante que está a passar-se diante dos nossos olhos e que não percebemos porque os vemos tão misturados como o Jornal do Crime está com o PÚBLICO no quiosque de jornais, ou como se o PÚBLICO para falar de ciência citasse o Guia Astrológico como fonte. Os blogues são apenas uma das pontas do mundo novo em que já estamos, uma pequena ponta, mas tão reveladora que mesmo estes episódios lesivos de Miguel Sousa Tavares (acusado de plágio) e de Eduardo Prado Coelho (que tem um texto falso a circular na Rede) são dele sinal. Ora nunca ninguém disse que era o Admirável Mundo Novo, a não ser os utopistas que pensam que as tecnologias mudam o mundo sem o pano de fundo das sociedades onde elas existem.

Vamos admitir, o que não me custa nada, porque até acho que é verdade, que mais de 90 por cento do que está na blogosfera é lixo. Temos em seguida que convir que também 90 por cento do que está nos quiosques é lixo, a julgar pelo nosso quiosque. Não é por aí que se faz a diferença. Para isso é preciso olhar com um pouco mais de atenção quer para os 90 por cento de lixo, quer para os 10 por cento sobrantes, porque, tendo muita coisa em comum, têm também diferenças importantes. Para se perceber o que está a mudar no conjunto do sistema comunicacional temos que analisar o lixo e o luxo na Rede.

O lixo nos blogues, como antes (e agora) o lixo na Rede têm muito de comum com o lixo nos diários pessoais, nos jornais locais, nos boletins de paróquia, nas rádios locais, nos panfletos partidários, nas cartas anónimas, na pequena, grande e média comunicação social, nessa imensa voz entre sussurrada e gritada que nos acompanha sempre, na maioria dos casos como pura estática, lixo escrito, lixo dito, lixo visto. Mas tem diferenças interessantes como esta que não é meramente quantitativa: mais indivíduos falam na Rede do que alguma vez falaram em jornais, revistas, diários, cartas anónimas ou assinadas. O número espantoso dos milhões de blogues, com o seu crescimento exponencial, é um fenómeno radicalmente novo. Estes milhões de pessoas que escrevem na Rede, em nome próprio, com pseudónimos ou anonimamente, são uma manifestação da principal característica das sociedades pós-industriais, as que nasceram em espaços urbanos dominados por serviços, pela produção, distribuição e consumo de informação - são sociedades de massas, onde impera o que antigamente se chamava "psicologia de massas". São ainda poucos, mas são o primeiro destacamento, o destacamento loquaz, o que anuncia o que aí vem, os que ocupam o espaço público com as suas vozes no mesmo movimento com que um centro comercial se enche quando abre as portas às 10 da manhã, ou o prime time das novelas fica habitado das suas audiências, ou as praias do Algarve e os estádios de futebol se enchem.

Essas pessoas falam porque têm alguma coisa a dizer? Acrescentam alguma coisa ou são elas mesmo um sinal de cacofonia? Depende como se vê a questão: elas têm alguma coisa a dizer porque querem dizer alguma coisa - essencialmente que existem e que são elas que vão mandar, que são elas que já mandam. O que têm a dizer não é novo, é ruído, é pobre, é insignificante em termos culturais, estéticos, criadores, mas é a voz que fala cada vez mais alto, a voz que se ouve, a estática gerada pelas multidões e que exige ser ouvida nas sondagens, nas pseudo-sondagens dos telefonemas para dizer sim ou não, nas audiências da televisão, a que não quer esperar, não quer delegar, não quer aprender, não quer sofrer. Quer tudo e já, e só não o tem porque os "políticos" a enganam e desviam.

O número dos blogues significa que também, pouco a pouco, as massas das sociedades de massas chegam à Rede como nunca antes chegaram aos jornais ou chegam hoje à televisão. Trazem com elas aquilo que antes, nos primeiros parágrafos deste texto, chamei "selvajaria": não querem mediações, que são o poder do passado, o poder dos intelectuais, o poder dos antigos poderosos. Querem democracia "participativa", não querem democracia representativa, não querem saber de nada que possa significar privilégio dos sábios, ricos e poderosos. Não prezam a intimidade e a privacidade, porque no seu mundo não existem e não são valores, não prezam a propriedade porque a têm pouco, são anti-intelectuais, combatem todos os que parecem atentar ao seu igualitarismo funcional e punem-nos na Rede como gostariam de os punir cá fora: "é bem feito" é a expressão que mais se ouve por todo o lado. Miguel Sousa Tavares é "arrogante", o "povo" acusa-te de plágio; Eduardo Prado Coelho mandaste na intelectualidade durante muito tempo, leva lá com um texto falso para aprenderes que aqui somos todos iguais! Por bizarro que pareça, tudo isto foi escrito em linha, quer em caixas de comentários, as furnas da Internet, quer nos blogues anónimos e ignorados, os degraus superiores do Inferno.

É por isto que os blogues são interessantes, porque se move ali um monstro, que existe bem fora dos electrões. Esse monstro fala - nos blogues e nos jornais - e nós não o queremos ouvir porque ele nos coloca em causa, coloca em causa o lugar que ocupamos. Ele luta ali pelas suas regras próprias e não pelas que tomamos por adquiridas e, desse ponto de vista, convém conhecê-lo muito bem. É por isso que se aprende mesmo com os 90 por cento de lixo na blogosfera. E aprende-se ainda melhor se olharmos para o 10 por cento que não é lixo, porque para essa parte da Rede irá migrar uma parte mais dinâmica do espaço público, que conhece melhor o monstro e que já fez a prova do monstro.

Tratar os blogues como um quiosque dos jornais indiferenciado é deitar fora o menino com a água do banho. Vamos em seguida falar dos 10 por cento, número optimista, eu sei.

José Pacheco Pereira - Público de hoje


IN - ROUBARTE